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Riscos mistos

Riscos que resultam da combinação de ações continuadas da atividade humana com o funcionamento dos sistemas naturais.

Caracterização do fenómeno e das suas causas

Os incêndios rurais são das catástrofes naturais mais graves em Portugal, não só pela elevada frequência com que ocorrem e extensão que alcançam, como pelos efeitos destrutivos que causam. Para além dos prejuízos económicos e ambientais, podem constituir uma fonte de perigo para as populações e bens.

Os incêndios rurais são considerados catástrofes naturais, mais pelo facto de se desenvolverem na natureza e por a sua possibilidade de ocorrência e caraterísticas de propagação dependerem fortemente de fatores naturais, do que por serem causados por fenómenos naturais.

A intervenção humana pode desempenhar um papel decisivo na sua origem e na limitação do seu desenvolvimento. A importância da ação humana nestes fenómenos distingue os incêndios rurais das restantes catástrofes naturais.

A propagação de um incêndio pode ocorrer pela superfície do terreno, pelas copas das árvores e através da manta morta e depende das condições meteorológicas (direção e intensidade do vento, humidade relativa do ar, temperatura), do grau de secura e do tipo do coberto vegetal, orografia do terreno, acessibilidades ao local do incêndio, etc.

As causas dos incêndios rurais ​​são das mais variadas. Contudo, têm, na sua grande maioria, origem humana, quer por negligência e acidente (queimadas, queima de lixos, lançamento de foguetes, cigarros mal apagados, linhas elétricas, etc), quer intencionalmente.

Os incêndios de causas naturais (ex: trovoadas) correspondem a uma pequena percentagem do número total de ocorrências.

Causas dos incêndios rurais investigados pela GNR/SEPNA, em 2021:

Fonte: ICNF, 2022 (in Relatório de Estado do Ambiente)

 

A sua expressão em Portugal

A distribuição temporal dos incêndios rurais em Portugal Continental é marcadamente sazonal, verificando-se o maior número de ocorrências e de área ardida nos meses de julho, agosto e setembro. 
Analisando a evolução do número de ocorrências e da área ardida desde 1995, verifica-se uma tendência de diminuição no número de ocorrências (fogachos e incêndios rurais) desde 2006, em relação aos anos anteriores.

Incêndios rurais em Portugal continental: ocorrências e área ardida

Fonte: ICNF, 2022 (in Relatório de Estado de Ambiente)

Em Portugal Continental as principais regiões com maior nível de risco estrutural (perigosidade) de incêndios rurais são a região Norte, Centro e da serra algarvia até ao Alentejo litoral. Apenas algumas zonas do Norte Litoral, Lezíria do Tejo e Algarve Litoral apresentam classe de perigosidade de incêndio rural baixo.

Saber mais: Avaliação Nacional de Risco  

A carta de perigosidade estrutural de incêndio rural é um elemento crucial para o planeamento das medidas de prevenção e combate a incêndios rurais, por via do ordenamento do território, do ordenamento florestal e da prevenção estrutural, para o condicionamento às atividades de fruição dos espaços rurais e para a alocação de meios de vigilância e combate aos fogos.

Consulte aqui a carta de perigosidade (estrutural) de incêndios rurais: https://www.icnf.pt/florestas/gfr/gfrgestaoinformacao/dfciinformacaocartografica

 

O Índice Conjuntural e Meteorológico de incêndio (RCM) é calculado diariamente pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera por combinação de dois índices:

  1. i) o "índice meteorológico de incêndio", atualizado uma vez por dia pelo IPMA e denominado FWI (Fire Weather Index);
  2. ii) o "índice de perigosidade de incêndio rural" que integra uma componente estrutural e uma componente conjuntural, ambas da responsabilidade do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF.

Saber mais: https://www.ipma.pt/pt/riscoincendio/rcm.pt/

Efeitos e vulnerabilidades

A floresta tem sido ao longo dos últimos anos alvo de danos significativos quer em termos de áreas ardidas quer em destruição de espécies singulares.

Embora difícil de quantificar, as emissões de gases e partículas libertadas durante um incêndio, podem também ser responsáveis por alguns impactos ambientais.

Uma área devastada por um incêndio rural, quando sujeita a chuvas intensas, pode tornar-se mais suscetível e originar mais facilmente, outro tipo de riscos tais como deslizamentos e cheias. Com a destruição da camada superficial vegetativa os solos ficam mais vulneráveis a fenómenos de erosão e transporte provocados pelas águas pluviais, reduzindo também a sua permeabilidade.

Para além da destruição da floresta os incêndios podem ser responsáveis por:

  • Morte e ferimentos nas populações e animais (queimaduras, inalação de partículas e gases);
  • Destruição de bens (casas, armazéns, postes de eletricidade e comunicações, etc.);
  • Corte de vias de comunicação;
  • Alterações, por vezes de forma irreversível, do equilíbrio do meio natural;
  • Proliferação e disseminação de pragas e doenças, quando o material ardido não é tratado convenientemente.

A área nacional ardida apresenta um valor médio anual (2012 - 2021) de 124.673 hectares, dos quais aproximadamente 62.435 hectares são de povoamentos florestais.


Ocorrências e áreas ardidas (2012 - 2022). (Fonte: ICNF).

 

A distribuição espacial do número de incêndios florestais e das áreas não é homogénea. Contudo, as regiões do Norte e do Centro do país são, no geral, aquelas onde se regista um maior quantitativo de incêndios rurais e de áreas ardidas.

Saber mais: https://www.icnf.pt/florestas/gfr/gfrgestaoinformacao/dfciinformacaocartografica.


Prevenção

Consulte o Risco de Incêndio e planeie as suas atividades agrícolas, florestais e de lazer, para o concelho que pretende: https://fogos.icnf.pt/rif/Stat_Global_Sensibilizacao_Riscolist2.asp

 

Medidas de Autoproteção

Em 2017 foram criados dois programas (Resolução do Conselho de Ministros nº 157-A/2017, de 27 de outubro) que têm por objetivo a proteção de pessoas localizadas na interface urbano-florestal, através da implementação e gestão de zonas de proteção e locais de refúgio nos aglomerados, bem como da sensibilização das populações para a prevenção de comportamentos de risco e para a adoção de medidas de autoproteção e de preparação face a incêndios rurais, por forma a reforçar a sua segurança.

“Aldeia Segura" é um Programa de Proteção de Aglomerados Populacionais e de Proteção Florestal e destina-se a estabelecer medidas estruturais para proteção de pessoas e bens, e dos edificados na interface urbano-florestal, com a implementação e gestão de zonas de proteção aos aglomerados e de infraestruturas estratégicas, identificando pontos críticos e locais de refúgio. O programa "Pessoas Seguras" visa promover ações de sensibilização para a prevenção de comportamentos de risco, medidas de autoproteção e realização de simulacros de planos de evacuação, em articulação com as autarquias locais.

Saber mais: http://aldeiasseguras.pt/

 

Aldeia Segura e Pessoas Seguras: Prepare-se e proteja-se dos incêndios rurais 

Veja os materiais disponíveis: Fo​lheto (PT) | Cartaz (Bilingue)​​  ​

 

Safe Village and Safe People: Get ready and protect yourself from rural fires:

Check the availabe materials: Leaflet (EN)​ | Poster (bilingual)​​